o que você aprendeu com a peste global que abate implacavelmente o planeta?
eu aprendi que já vivia num sistema parecido com quarentena há décadas e que o toque humano não me faz a menor falta. tendo um cachorro pra cuidar, tá bom. sinto muito por aqueles que se apegam a beijos e abraços, que voltem a se amar o quanto antes.
vi também gente legal se mostrar cada vez mais humana e lazarentos se tornando cada vez mais morféticos e que infelizmente a quantidade de pessoas que compõe o segundo grupo é abissal.
que o ex presidente em exercício deixou de ser um problema nosso para se tornar um genocida de ordem internacional. o correto nem é impeachment mais, agora é caso de destituí-lo do cargo e levá-lo direto à corte de haia, para responder por seus seríssimos crimes contra a humanidade. se o gado quiser, que o acompanhe.
nunca foi tão importante manter algo parecido com rotina pra se manter com a mente sã. eu acordo, venho pra frente do computador e atualizo esse blog. durante o dia tomo banhos demorados, passeio com meu cão, cozinho e também peço comida pra prestigiar o comércio local, portas que se viram pra se manter abertas através do serviço de delivery.
já que a ajuda do (des)governo é pífia, começam a pipocar ações pra ajudar bares e restaurantes, muitas delas com boa fé, mas tantas outras visam salvar negócios de herdeiros e milionários. mais dinheiro pra quem nunca precisou de dinheiro, numa cara de pau digna de cair o cu da bunda.
em casa tenho um arsenal de boas bebidas que é difícil de achar em qualquer bar comercial no mundo, mas tenho bebido muito pouco. beber pra mim é ato de prazer e contemplação e tô com dificuldade pra entrar no clima.
livros? séries? sem paz de espírito pra aproveitar. a pandemia trouxe sintomas de burrice que harmonizam com a eterna fadiga proporcionada pela esclerose múltipla.
a sensação de impotência diante de quem está cada vez mais na merda nas ruas é quase tão grande quanto os sentimentos pouco nobres nutridos por pessoas que capitalizam em cima de uma catástrofe dessa dimensão. aprendi que devo lidar melhor com isso, se for o caso de optar por seguir vivendo no meio disso que chamam de civilização.
a real é que a pandemia acaba, mas a raça humana fica, ou o que sobrar dela. a torcida é para que aprenda a lição e se torne pelo menos um pouco mais nobre.
fiquem em casa e salve-se quem puder.
Aliny Ferreira says:
Aprendi que na crise as pessoas revelam o que têm de melhor e pior, vemos atos de solidariedade e união, mas também de egoísmo e ganância. Espero que esse momento seja a oportunidade para repensarmos nossas relações humanas e com a natureza.
28 de March de 2020 — 12:40
Beto says:
Amanhã será um novo dia, eles não passarão ….
28 de March de 2020 — 13:08
Rafael Augusto Cardoso says:
Que texto. Me ajudou!
28 de March de 2020 — 14:25
Alfredo says:
O que é isso JB, para já de pedir estes deliverys homem…, como as pessoas que cozinham, as que embalam, as que entregam e todas as outras vão seguir o conselho no final do seu texto se você não para de consumir…..
28 de March de 2020 — 16:23
jb says:
delivery é serviço essencial e ajuda o comércio local. óbvio que deve-se tomar devidos cuidados e seguir orientações da oms.
28 de March de 2020 — 18:14
Belchior says:
Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
28 de March de 2020 — 17:55
Paulo Tomasi says:
Nosso arremedo de presidente conseguiu transformar uma preocupação de saúde pública em palanque para suas leviandades. E o pior que uma multidão vai atrás, levando junto o novo vírus. Já não nos bastava enfrentar a burrice crônica de parte da população e o câncer dos governistas-crentes…
28 de March de 2020 — 18:39
Luis says:
começam a pipocar ações pra ajudar bares e restaurantes, muitas delas com boa fé, mas tantas outras visam salvar negócios de herdeiros e milionários -> Fel 👀
28 de March de 2020 — 19:47
jb says:
o fel é um dos três negócios que inspiraram o parágrafo, sim. não citei nenhum pelo bem da fluência do texto, educação, elegância, etc.
29 de March de 2020 — 10:09
Luis says:
Para bom entendedor….colocar o nome não era necessário mesmo. A campanha deles é extremamente oportunista e, na minha opinião, olha apenas o benefício do bar. Não é nada atrativa para o cliente.
É um lugar que eu adorava e infelizmente deixei de frequentar.
29 de March de 2020 — 15:00
Marisa says:
Sobre a estupidez: já assistiu à entrevista do Paulo Arantes ao Tutaméia, no Youtube? Recomendo.
28 de March de 2020 — 20:07
Cassiano says:
Não era a ideia inicial, mas estes textos, se publicados, serão um documento histórico interessante sobre estes dias – os comentários, sobretudo os mais raivosos, poderiam incluídos, eles ajudariam a compor o retrato destes tempos malucos.
29 de March de 2020 — 00:51
André Folador says:
JB, grato por abrir seu boteco virtual. Tenho tomado algumas Heinekens, negrones na companhia das suas reflexões artesanais, em tempos de tantos loucos e profetas saídos de uma linha de produção… estes tempos de pandemias têm me feito refletir sobre os malefícios dos profetas e cagadores de dogmas boçais.
Sempre me lembro das palavras de Emil Cioran:
“O Antiprofeta
Em todo homem dorme um profeta e , quando ele acorda, há um pouco mais de mal no mundo…
A loucura de pregar está tão enraizada em nós que emerge de profundidades desconhecidas ao instinto de conservação. Cada um espera seu momento para propor algo: não importa o quê. Tem uma voz: isto basta. Pagamos caro não ser surdos nem mudos…
dos esfarrapados aos esnobes, todos gastam sua generosidade criminosa, todos distribuem receitas de felicidade, todos querem dirigir os passos de todos: a vida em comum torna-se intolerável e a vida consigo mesmo mais intolerável ainda: quando não se intervém nos assuntos dos outros, se está tão inquieto com os próprios que se converte o “eu” em religião ou, apóstolo às avessas, se o nega: somos vítimas do jogo universal…
A abundância de soluções para os aspectos da existência só é igualada por sua futilidade. A História: manufatura de ideais…, mitologia lunática, frenesi de hordas e de solitários…, recusa de aceitar a realidade tal qual é, sede mortal de ficções…
A fonte de nossos atos reside em uma propensão inconsciente a nos considerar o centro, a razão e o resultado do tempo. Nossos reflexos e nosso orgulho transformam em planeta a parcela de carne e de consciência que somos. Se tivéssemos o justo sentido de nossa posição no mundo, se comparar fosse inseparável de viver, e revelação de nossa ínfima presença nos esmagaria. Mas viver é estar cego em relação às suas próprias dimensões…
Se todos os nossos atos- desde a respiração até a fundação de impérios ou de sistemas metafísicos- derivam de uma ilusão sobre nossa importância, com maior razão ainda o instinto profético. Quem, com visão exata de sua nulidade, tentaria ser eficaz e erigir-se em salvador?
Nostalgia de um mundo sem “ideal”, de uma agonia sem doutrina, de uma eternidade sem vida… O Paraíso… Mas não poderíamos existir um instante sem enganar-nos: o profeta em cada um de nós é o grão de loucura que nos faz prosperar em nosso vazio.” (…)
(Breviário de Decomposição
29 de March de 2020 — 11:16
Edu Manzano says:
Não sei JB fica meio forçado achar que bozo ter subido ao poder foi uma luta de rico contra pobre, parece ingênuo afirmar isso como afirmar que foi rico que foi lá pra fora e trouxe a pandemia pra cá, sou daqueles que prefere ver a realidade que existem pessoas boas e os lixos em todas as esferas, ou você acha que a ação imbecil de jogar marmitas em enfermeiros é médicos nos metros foi coisa de gente abastada? Povo bonzinho é pra quem faz tese de mestrado escondidinho no fundo de u. A biblioteca. Bozonaro é tão presidente pelo voto dos direitistas quanto pela única opção que anos de corrupção esquerdista nos deixou…
1 de April de 2020 — 04:45