sabe o que quero que ocorra no cenário gastronômico nesse ano que se inicia?

podemos começar com consciência de classe por parte dos empregadores, por muitas vezes mais preocupados com seus constrangedores storytellings e infames locações instagramáveis

porque eu não quero comer nem beber no parque de diversões

que a energia gasta com esse tipo de ação cretina seja usada pra treinar e remunerar decentemente suas respectivas equipes

uma vez que a brigada tenha condições de trabalhar com a cabeça erguida é natural que diminua a escrotidão oferecida por clientes ricos e folgados

já passou da hora de cair a ficha que garçonetes, cozinheiras, bartenders e faxineiras não valem menos que médicos e advogados

o futuro gastronômico à rua pertence

ocupemos as calçadas e ruas com carrinhos e bancas onde produz-se comida genuína e acessível

inclusive podemos empregar a enorme população de rua nessa função. o que mais tem é famílias inteiras querendo trampo e dignidade

seu produto é orgânico sustentável etc?

legal saber, mas isso não é sinônimo de qualidade e sua palestrinha não interessa a ninguém

o que tem é comida boa, média e ruim

e não cabe ao militante vegano tentar tirar a lingüiça do prato feito do trabalhador

de maneira que meu maior desejo pra 2022 é que a boa mesa chegue a mais gente, apesar de toda monumental dificuldade de um país de terceiro mundo governado por um psicopata pode ocasionar

que esse ano seja menos horrível

e tu? qual seu maior desejo?