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Boteco do JB

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conversa de botequim

ontem um grande amigo fez 51 anos. ano passado lançamos um livro juntos, no qual trocamos cartas, denominado como “de hoje não passa”. a responsabilidade de escrever com alguém cuja escrita admiro um bocado fez com que me esforçasse para que minhas parcas letras não passassem vergonha e acho que me dei razoavelmente bem na missão de cumprir a tarefa imposta por mim mesmo.

tanto que não tive vergonha em chamar um escritor do calibre de mário bortolotto pra escrever o prefácio e o gigante andré forastieri (aka forasta) pra fazer uma necessária apresentação minha.

claro que o retorno comercial não foi excelente, como era de se esperar. e, tudo bem. o importante pra mim é fazer o que gosto, independente do segmento de trabalho. se monetizar, o dinheiro é bem vindo. do contrário, paciência. a ideia é seguir essa fórmula, não tenho plano b. a essa altura da vida, enriquecer não é uma opção.

mas, voltando ao amigo. a data de celebração dos seus 49 anos estão registrado no livro em questão, numa das minhas cartas. e no ano passado o cinquentenário foi comemorado em belo horizonte, no meio da tour de lançamento do nosso adorável fracasso, entre muitos amigos queridos.

além de escrever, o que me dá mais prazer é viajar pelo brasil pra participar de mesas e divulgar meus livros, hábito esse que talvez seja difícil manter no novo mundo que se aproxima. londres? ficou ainda mais distante, bom que conheci antes. japão? ainda não desisti, mas essa é outra história.

já o rio de janeiro é onipresente na minha vida e enquanto for possível, livros serão lançados na folha seca, rua do ouvidor. por conta desse projeto de troca de cartas com o aniversariante de ontem, fui ainda mais à antiga capital cuja parte que mais me interessa é o tijukistão.

mas ontem o encontro foi virtual, via o tijuca connection comentado no blog nessa semana. nele edu lembrou de uma história que quem sabe um dia possa ser contada com suas próprias palavras numa futura derrota editorial:

moela à milanesa

luiz antônio simas é a única pessoa que conheço que tem o devido alvará pra celebrar o aniversário em pleno dia de finados. quando isso ocorreu em 2018 eu estava hospedado na casa de edu goldenberg, amigo nosso em comum.

a data seria celebrada num novo bar próximo à região portuária, num casarão lindo de dar dó. o rio de janeiro tem uma beleza obscena. não é cenográfico, é pornográfico.

simas tornou-se um fenômeno popular, o que é bom e mais uma prova de que não é só trabalho bosta que faz sucesso.

mas fato é que o lugar estava extremamente lotado. logo encostei num daqueles janelões querendo ser porta e fiquei a contemplar uma autêntica pelada na pracinha de frente ao casarão que aporta o bar. cresci em ambiente parecido, mas no lugar aonde moro não tem mais pelada.

edu tava demorando com a cerveja e foi quando me virei para a frente do salão, com o objetivo de encontrá-lo que o vi trocar gestos bruscos com um barbudo baixinho, trajado com camisa florida com no máximo três botões abotoados.

assim que voltou com a cerveja muito gelada, perguntei quem era o sujeito e também o assunto da conversa, que mais parecia uma discussão. e aqui cabe a observação que cariocas conversam assim mesmo, quase nunca é briga. edu me explicou que se trata do dono do bar e em seguida replicou o papo reto para mim:

aquele ali é o jb?

é, sim. é meu amigo e veio cumprimentar o simas.

caralho, edu! tu ta querendo me foder?! acabei de abrir o bar! ó, tá bom. mas faz assim. cê num deixa ele comer nada, hein? NÃO É PRA PROVAR NADA!

e o pior é que eu tava morrendo de fome. mas o que fazer quando o próprio dono do bar fala um troço desses? acabou que cumprimentei rapidamente o simas e fugi em direção ao rex, na rua do matoso, que faz o melhor frango assado da galáxia. todos caminhos levam à tijuca.

antes da ida, uma ocorrência. o próprio dono do bar, após provável insumo de pílulas de autoestima, me ofereceu um ousado petisco que tava muito gostoso. nem precisava de tanto temor. claro que voltarei e da próxima vez com calma.

feliz aniversário, edu! no próximo ano, juntos. que a pandemia não quebre essa tradição.

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