saio de casa pra passear cachorro e fazer supermercado, sempre de máscara. noto que a população de rua aumentou de maneira impressionante no último mês. esses caras não tem proteção alguma e quem tem mais condições de ajudar parece querer mais que eles morram mesmo. igrejas e hotéis chiques seguem vazios enquanto seus responsáveis tiram os seus da reta e assistem a tragédia nas poltronas de seus camarotes.
a partir dessa semana os cadáveres ganharão nomes e não estou otimista em relação ao aumento de consciência do brasileiro médio, ainda mais enquanto esse lazarento continuar à frente do poder executivo falando as maiores barbaridades possíveis e estimulando o povo a sair pra rua. aliás, se não houvesse tal incentivo, não chegaríamos a essa conta que infelizmente deve aumentar ainda um bocado. então pode colocar a pilha de mortos na conta dele e chamar de genocida, sim.
agora, voltando às máscaras. o que tem de gente privilegiada as usando como se fossem tiaras ou babadores é brincadeira! nessa semana um desses que é meu conhecido tentou me cumprimentar, chegando a estender sua mão em minha direção. a reação mais educada que consegui foi a de apenas desviar dele, estabelecendo o mínimo possível de contato visual. sem paciência pra esse tipo de cretinice a essa altura da quarentena.
assim como parentes com tendências psicopatas também foram devidamente afastados das mídias sociais. felizmente não tive que lidar com a saia justa de alguém muito próximo ter esse tipo de comportamento. eu, privilegiado novamente.
pra atingir o mínimo grau de consciência, é preciso ter uma visão global de tudo que está acontecendo. como disse o gigante dráuzio varella, entre outras coisas, não é possível cobrar distanciamento social de quem tá na cadeia e vamos pagar caro por nossa imensa desigualdade social.
se você tem condições de ler esse texto, provavelmente também tem privilégios. saiba o que fazer com eles, não seja um pau no cu, honre sua existência.
Marcus says:
Tão cretino quanto o privilegiado que te cumprimenta é o que nega a necessidade de um sistema — já falido e desigual — voltar a rodar o mais rapidamente possível para mitigar outros tipos de catástrofe.
Não confunda aquele babaca que sai na rua por negacionismo com o não-babaca que, fundamentado em algum estudo ou teoria econômica/social, enxerga na volta imediata — ou quase isso — às atividades como o caminho menos penoso para um problema já posto.
Humildade faz bem.
30 de April de 2020 — 01:07
aldo says:
honre sua existência, segundo melhor conselho do ano.
o primeiro continua sendo fique em casa. fora só bolsonaro
30 de April de 2020 — 03:18
bruno says:
JB, te sigo ja tem belos 8 anos. Ja tive boas e más experiencias com as indicações e, se te sigo até hoje, é sinal que as boas tiveram maior efeito em mim.
Não acho que a ideologia politica faz alguém melhor ou pior, apenas a faz ter pontos de vista diferentes.
Concordo que o distanciamento social nos faz mais humanos e próximos, mas preciso discordar com o fato de quem está em nosso sistema penitenciário esteja sofrendo além do que quem está em sociedade sofre.
Cumpro com o que as leis estaduais e federais me obrigam, mas o preso que “cagou” pra essas quando lhe eram mais benéficas, o fez, não consigo ver uma compaixão que não seja budista, que possa redimir e mandar-los para casa quando deveriam estar em
regime fechado e paciencia se possam pegar, pois assumiram esse risco
30 de April de 2020 — 04:28
Beto says:
Julio queria muito acreditar que as pessoas são influenciadas pelo Bolsonaro, mas acredito que uma parte da população vota nele porque os representa. Conheço muitos pequenos Bolsonaros por ai, que não ligam se irão morrer sete mil pessoas, que defendem torturas, detesta morador de rua, pobre, mortes e outras asneiras. Temos que entender que essa parcela de bolsonarista sempre existiu e sempre existirá na sociedade, apenas nao tinha em quem votar. O mérito do Bolsonaro foi ter entendido isso. E quando entra o fanatismo você justifica qualquer ato realizado. São pessoas que fingem preocupação com o emprego dos pobres e sempre criticaram bolsa familia, cotas , prouni e programas habitacionais. São pessoas que fingem se preocupar com falencia de comerciantes, mas querem falência da Rede Globo que emprega 8 mil colaboradores. Que justificam acordo com centrao e negociam perdao de dividas com o inss de igrejas. Tudo é justificavel em nome da ideologia. Enquanto existir o homem na terra, existirá essas pessoas e esses lideres.
30 de April de 2020 — 09:50
Antonio Storel says:
Obrigado por mais um texto restaurador, Julio. Você sabe como colocar um “lazarento” no lugar devido.
30 de April de 2020 — 10:09