cresci nas ruas da vila leopoldina, subdistrito lapeano. ali jogava bola, taco e quebrava vidros de janelas de lindas fábricas abandonadas que hoje deram lugar a breguíssimos prédios cujos apartamentos tem varanda gourmet, três quartos e sala com dois ambientes. tudo isso num espaço minúsculo. das casas térreas e clássicos sobradinhos, pouca coisa sobrou.
na real a cidade tal como eu conheci não existe mais. os lindos cinemas do centro, o mappin, o playcenter, grupo sérgio, tem mais nada disso não. até a garoa nos tiraram, tornou-se algo raro de se apreciar.
viver é se despedir das suas lembranças enquanto o corpo padece. a vida é composta de batalhas inglórias, já que no final a morte sempre vence.
hoje moro no centro da cidade e a poluição que bate por aqui não faz nada bem ao portador de esclerose múltipla que vos escreve.
mas aprendi a me reconhecer nas ruínas da cidade. até porque algumas coisas nem tem como mudar muito.
me identifico com a são paulo do joão antônio, que percorre a linha ferroviária desde a estação da luz, passando pela lapa e chegando até presidente altino, osasco. uma cidade operária e sem barrancos.
morar na frente de uma estação de metrô no centro significa que não se atravessa a cidade pra nada. no máximo se desloca até uma região para logo voltar ao ponto de partida.
mas o ideal é nem pegar condução pra nada. caminhando com meu cachorro procuro resolver tudo na área. mercado, feira, bar, restaurante, tudo. tal como um aldeão. isso é sinônimo de qualidade de vida pra mim.
a são paulo que gosto não tem pegadinhas pra turista no mercado da cantareira e nem bauru bosta no largo do paissandu.
agora são 13h e só estou esperando o sol baixar um pouco pra comemorar o aniversário da cidade mandando um rangão armênio, coreano ou japonês.
silenciosamente.
Zeno Bocardo Pereira says:
Jota Bê, que saudade de São Paulo! Que saudade!
25 de January de 2020 — 13:31
Gabriel Fernandes says:
Ótimo texto JB, Gormetizaçao estragou a porra toda! Por favor produza mais vídeos, eles são necessários.
25 de January de 2020 — 13:57
Fernando says:
Sau “dor” sismo.
25 de January de 2020 — 14:58
marcelo says:
mas aprendi a me reconhecer nas ruínas da cidade.
25 de January de 2020 — 16:16
Ezra L. says:
engraçado, não lembrava do aniversário, mas ontem também escrevi pensando na garoa e em joão antônio. te convido, j: https://telegra.ph/Sem-t%C3%ADtulo-01-25-2
25 de January de 2020 — 19:38
Thiago says:
“bauru bosta no largo do paissandu”.
Tem bauru bosta perto da paulista também!
Não sabe a história do bauru? é-de-um-estudante-do-largo-de-são-francisco-que-um-dia….
26 de January de 2020 — 12:55
Eduardo says:
Há duas semanas morando em São Paulo, “comemorei” inconscientemente a data no Carlinhos Restaurante, seguindo sua dica depois de ver a foto do basturma postada no seu Instagram. Sensacional. Obrigado pela dica.
PS. Obrigado, também, por voltar a escrever no blog. Os textos estão ótimos.
27 de January de 2020 — 13:13
Eduardo says:
No Carlinho, provei também o famoso arais e o basturmala. Excelentes. Mas o destaque fica mesmo para o basturma.
27 de January de 2020 — 13:16
Moacyr Oliveira Rosa Junior says:
Grupo Sergio!!!!!!!!
Churrascaria e pizzaria rodízio. Onde o churrasco tinha gosto de pizza.
E a pizza, de churrasco.
11 de August de 2020 — 12:01
Alex Glaser says:
Caramba…ir no Grupo Sérgio era uma aventura, um acontecimento, assim como Playcenter e Mappin. Deu saudade agora…
26 de December de 2020 — 23:48