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Boteco do JB

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1983

me dêem Mário Sérgio e seremos campeões do mundo.

assim disse valdir espinosa, técnico do grêmio, numa jogada de gênio, jogando toda a responsabilidade na diretoria, se perdessem o título. aposta de risco alto?

porra nenhuma. assim como sócrates se preparou fisicamente pra Copa de 82, o grande camisa 11 jogou a partida de sua vida no auge. aliás, defendo a tese de que se ele fosse pra copa – e era pra ir, a convocação de éder foi surpresa de última hora. – o resultado seria outro. éder era um grande jogador, mas Mário Sérgio Pontes de Paiva foi um gênio.

o que houve em tóquio? permita-me breve parágrafo sobre a histórica noite. a grande real é que enquanto os alemães marcaram severamente um ex jogador em atividade, só por ser tricampeão mundial, deixaram o nosso errante herói livre durante o jogo inteiro, dando toda condição para o artilheiro do time brilhar. nessa noite deu-se tanto o auge do clube quanto do vesgo.

aliás, vesgo é o cacete! seu olhar era fruto de técnica e malandragem. quem inventou a jogada de olhar pra um lado e tocar pra outro foi ele e não ronaldinho gaúcho, que pegou a manha após tanto ver tapes daquele que jogava tão bem na ponta quanto na meia-esquerda. hoje é ponta de lança que chama? que erro, telê!

infelizmente a diretoria do clube agiu de maneira medíocre e não o contratou, assim como telê não o levou pra copa e o são paulo o mandou embora antes de entregar de bandeja o bi campeonato paulista para a democracia corintiana, quando esse campeonato ainda valia mais que meros dois centavos.

falando no tricolor paulista, waldir peres me contou aqui em casa – tive a honra de entrevistar o arqueiro herói, mas essa é outra história – detalhes da noite em são josé em que o camisa 11 se consagrou como rei do gatilho, numa época bem distante dos dias de hoje, em que armas de fogo são associadas a milicianos filhos da puta que chegaram no mais alto poder executivo do país.

hoje o foco da postagem é a conquista histórica do grêmio, mas outras histórias sobre aquele que foi o único a ser aplaudido pelas duas torcidas em um grenal não faltam. não à toa, pois pelo inter foi campeão brasileiro invicto em 1979, ao lado de falcão.

o que falta e cairia bem é uma boa biografia do célebre frequentador do jóquei club que ainda fez sucesso como brilhante comentarista de televisão e, por fim, teve subestimada carreira como treinador. os jogadores simplesmente não o entendiam, Mário Sérgio Pontes de Paiva era muito inteligente para a maior parte deles.

as gerações posteriores ao craque formam o puro creme da decepção, raras e necessárias exceções à parte. fato é que nunca mais teremos nada nem próximo ao time do camburão, comandado por ele no botafogo.

Mário Sérgio é legítimo herdeiro de heleno de freitas e símbolo de uma época em que os gigantes guerreavam em campo.

nunca mais haverá um jogador como ele.

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