houve um tempo em que pegava meu saudoso fusca 68 e ia pelo menos 2 vezes por semana até o condado de moema para tomar sorvete do confeiteiro preferido. laranja com chocolate (não o sonolento oposto), manga, baunilha de madagascar e outros, uma festa. certa vez ele me confidenciou que existia um ainda melhor que o dele, de um louco francês que fazia as receitas todas no olho – o que é prova de insanidade – no pelourinho. claro que fui conferir e era isso mesmo e mais um pouco.
o amigo paulistano fechou o lodjinha e vai muito bem obrigado comandando uma escola de confeitaria. como salvador tá longe e o dinheiro anda curto, fiquei órfão de sorvete.
soluções paliativas foram tomadas. o casal de amigos que domina o pedaço onde moro abriu uma excelente sorveteria duas ruas pra cima de casa. soft ice cream. embora seja super bem feito e o de leite seja irrepreensível, não sou o maior entusiasta desse estilo, talvez até pela carência provocada pela falta dos dois citados no primeiro parágrafo. o problema sou eu, não o sorvete.
também abriu uma muito boa em pinheiros, com filial nos jardins. super cuidadosa tanto com a escolha dos ingredientes quanto com o padrão de excelência nas boas receitas. espero que achem ponto aqui pelo centro. hoje acho que é a que mais se aproxima ao que flavio fazia (em salvador preciso voltar o quanto antes pra ver se segue magnífico).
a meta sempre é que a boa comida faça parte do cotidiano, inclusive sorvete. então às vezes tento me enganar na recém-inaugurada unidade de uma famosa rede aberta no térreo do lindo edifício são luiz.
onde sobra açúcar falta sabor, ideal para paladares infantis, tudo dentro do script. mas não é todo dia que se merece o melhor, trata-se de um quebra galho. pena que é caro pelo que oferece. se fosse uns 30% mais em conta, seria belo concorrente pra indústria. e não adianta falar que não dá pra vender por menos, comigo tal argumento não cola. sei bem o tamanho do lucro que esse tipo de produto proporciona.
mas o que me incomoda mais nem é isso.
uma das cenas mais constrangedoras que o jeca cenário gastronômico nos oferece hoje é quando a pobre da atendente entrega o sorvete meia boca ao cliente e diz um bom gelato pra você. fico com tanta vergonha que inclino a cabeça pra baixo na hora, em sinal de solidariedade à principal vítima que no caso não sou eu. se coloque no lugar de qualquer membro da equipe e imagine passar o expediente inteiro desejando bom gelato para todos. é desesperador, puro creme da visão do inferno. tenho vontade de resgatar a equipe inteira e levar pra, sei lá, tomar um sorvete. ou uma cerveja pra esquecer esses dias duros.
saudades de salvador.
Eduardo says:
Jota ja provou o da Davvero? O de pistache e o de amêndoas com pistache são excelentes. Os sorbets também são muito bons, especialmente o de manga.
Abraço
27 de February de 2020 — 12:07
jb says:
não provei.
27 de February de 2020 — 12:16
Carmelo says:
Eu gosto da Bacio. O de pistache é um dos meus preferidos na cidade. Cuor Di Crema e Botteghe Di Leonardo ficam muito aquém.
Mas concordo contigo que a saudação final é forçar a barra.
27 de February de 2020 — 12:07
Danilo Campos says:
QUAL SERIA A GELATERIA CITADA NO TEXTO?
27 de February de 2020 — 12:28
jb says:
https://botecodojb.com/zumbi/
27 de February de 2020 — 12:32
Jones Saulo says:
A sorveteria tipo Mcdonalds dos Rueda tenta, tenta, mas não me convence. Até duvido se realmente convence mais alguém. Parece muita espuma para pouco sabor. Depois que saiu da máquina não dá mais para saber se usou leite tipo “A” ou a mesma bagaça da rede americana. Neste espaço de comentário, seguindo a mesma linha do caput do dono do blog é necessário falar a real. Meu sonho é que lá fosse uma daquelas sorveterias típicas de interior transplantadas para capitar com o toque de gênios que eles tem nos restaurantes. Sorveterias é exagero, falo daquelas máquinas com gelatina de diversos sabores em litrões de vidro e que viram o verdadeiro soft de belas recordações, tradicionalmente creme holandês, uva, morango, abacaxi. No meu sonho eles ampliariam as possibilidades para uma infinidade. Emular isso me parece muito mais bacana. Fazer uma casquinha do Mequi com manjericão me faz sentir um pouco tolo, como se tivesse comprado uma casquinha para colocar no instagram e deixar derreter. E, sim, claro, não precisa das tradicionais abelhas que circundam os tais litrões. Esse papel deixa para os chamados coxipisters que certamente irão pagar uma bala para ficar dando volta infindáveis no comercio.
27 de February de 2020 — 15:49
mauro says:
Naturalmente você já viu, mas vale a pena rir de novo.
https://twitter.com/lalimols/status/872584812326006784?s=20
27 de February de 2020 — 15:58
Juliano Emanuel Herrera says:
Acho que abriu uma Borelli em SP. Costumava frequenta la em Ribeirao Preto, e lá era muito boa. Pistache levemente salgado, a de iogurte com amarena com boa dose de acidez , quebrava a doçura. Mas não fui nela em SP, somente sei que abriu num Shopping da Paulista. Dificilmente essas ampliaçoes dao certo, sobretudo em Shoppings. Mas , se manteve a quialidade antes da ampliaçao, vale a visita.
27 de February de 2020 — 16:12
Caio says:
JB, qual é a sorveteria de Salvador, mencionada no texto? Confesso que, apesar de ter morado lá durante muito tempo, não tenho memória de alguma lá no Pelourinho, salvo a tradicional A Cubana.
Em relação à sorveteria do centro, acho que dei azar. Fui por duas vezes e achei os dois sabores pedidos dulcíssimos, desequilibrado até. Além do de leite, recomenda mais algum?
Obrigado
27 de February de 2020 — 16:34
jb says:
laporte, no pelourinho. na sorveteria do centro sempre peço leite e/ou chocolate. nunca deu errado.
27 de February de 2020 — 18:19
Gustavo Matias says:
Tem um restaurante aqui em Salvador que os funcionários te cumprimentam falando “aloha”.
Haja constrangimento pra quem fala e pra quem ouve.
29 de February de 2020 — 10:34
Drumond says:
entendo a boa intenção, mas todo trabalho tem seus protocolos irritantes.
às vezes na tentativa de se solidarizar com a condição do outro a gente acaba vendo nele mais miséria do que se tem. em são paulo você não sai de uma casa lamen sem ouvir um igualmente constrangedor coral de agradecimento, e – mesmo que tenha uma dimensão cultural aí – a fama do tratamento de funcionários em restaurantes de tradição oriental não é das boas. mas tem gente que acha bonito.
1 de March de 2020 — 13:48
Eduardo says:
JB no dia que estiver nas bandas do Ipiranga sugiro uma visita a Damp Sorvetes na Rua Lino Coutinho. Acho que não vai se arrepender
1 de March de 2020 — 15:25
Eduardo says:
O que é pior, ouvir “Bom Gelato” ou ler “doppio” em cafeterias?
11 de March de 2020 — 15:23