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Boteco do JB

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a manda chuva

quem bebe bastante e fala que nunca tem ressaca não passa de um mentiroso. todos passamos dos limites, mesmo que por poucas vezes.

com a quarentena nem tenho bebido tanto, pelo motivo que bebo para elevar o espírito e esses dias de guerra estão há léguas e léguas de distância da paz e dessa tal de plenitude.

o exercício de atualização diária do blog faz com me perca um pouco e repita alguns temas, de maneira que tenho quase certeza que já escrevi sobre a ressaca, mas não me perderei no labirinto de mais de 100 textos pra achar a postagem, até porque é natural que esse assunto boêmio volte à tona por vez ou outra.

devo ter falado sobre a receita básica pra evitar a danada: muita água da hora do triste despertar até a hora de dormir, boa alimentação e, acima de tudo, conhecer seus limites.

o que acho que nunca deixei claríssimo é que não é você que escolhe a bebida, mas a bebida que escolhe você.

se whiskeys te fazem acordar no dia seguinte com gosto de corrimão da escada rolante do metrô santa cruz na boca, decerto essa bebida não gosta de ti. e não adianta correr atrás, que ela te humilhará e aumentará ainda mais o tamanho da derrota. quem sabe aquela garrafa de vinho na prateleira da importadora não te paquera há anos, enquanto você insiste em falhar miseravelmente tentando pagar de bukowski que nunca será? aprenda a olhar ao seu redor.

eu, por exemplo, tenho amigos que apreciam cervejas bosta como se fossem a última garrafa de barolo do piemonte, em botecos escusos à nata da sociedade. adoro o ambiente e os amigos, o que não é motivo pra compartilhar uma ampola de brahma chopp. mas campari resolve quase tudo e brinda bem direito com os camaradas.

variações da bebida vermelha que uso como válvula de escape também funcionam. uma lata de água tônica rende de 2 a 3 campari tônica e se a espelunca servir suco de laranja é possível improvisar um autêntico garibaldi em cima da estufa de botequim devidamente guarnecida de empadas e ovos coloridos.

se você insistir em beber um troço que não gosta de você, a vingança do relacionamento abusivo é tão certa quanto a morte e a ressaca do dia seguinte será inevitável.

através de um app de vídeo, participo de um encontro virtual todas as noites e todos bebem, cada um(a) algo diferente. ninguém desrespeita a íntima relação que temos com o conteúdo dentro do copo, com o ato de beber.

quando você deixa a bebida te escolher, essa relação se torna sagrada.

eu sou bom de copo e deixei ser escolhido por vários gorós. minha relação com o álcool também é promíscua, mas nos damos todos muito bem. meu nome é legião e somos todos gomorra.

pro programa noturno das noites de quarentena virtual com os amigos, uma dama me elegeu e conduz a suruba etílica que esmurra meu fígado sem dó: pinga com limão. entre uma bebida e outra, essa é a que predomina e compartilharei aqui a receita simplona.

pinga com limão

ingredientes

60ml cachaça serra das almas branca (ou outra boa cachaça artesanal branca)

30ml suco de limão tahiti (quando tem, uso o capeta)

15ml xarope de açúcar (1 pra 1)

modo de fazer

bate tudo na coqueteleira com gelo e manda bala. se possível, use dupla coagem. permitido dobrar a fórmula a cada batida. bebo uma média de 6 drinques desses por noite, dependendo do programa, que pode durar mais de duas horas.

quem sabe essa receita não te faz bem de alguma forma? só não se esqueça de quem é que manda.

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