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Boteco do JB

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depois da casa, a rua

a verdade é que todos nós fomos longe demais e o capitalismo foi cancelado. quem tentar correr atrás do prejuízo se dará mal, é preciso se reinventar. o problema é que não sabemos direito como será o novo mundo e até isso acontecer é preciso antes de tudo achar um meio de sobrevivência.

escrevo há anos que comer é um ato político e esse pensamento – que não é meu, mais gente cita isso há muito tempo – hoje é mais que atual, é urgente.

pra decidirmos o que fazer, precisamos analisar a conjuntura política de todo o cenário, com o fim de identificarmos os erros que não devem ser repetidos.

responsabilizar a lei da oferta e procura por probostas medíocres e caríssimas é ato a ser eliminado não só na gastronomia, mas sim em todos os segmentos. o mercado do luxo nunca foi tão dispensável.

assim como não é bem vinda a atitude de jovens coxipsters que montam casas de boneca que produzem a própria farinha, como se isso fosse salvar o mundo e a isso tem o cretino cinismo de chamar de sustentabilidade, sem se dar ao trabalho de aprender a cozinhar. quem paga por isso não se interessa por comida e espero que a reconstrução do mundo faça com que esses negócios caiam em desuso, embora admita minha falta de otimismo nesse sentido.

quantidade absurda de tudo quanto é tipo de tributo, leis trabalhistas ultrapassadas, moeda desvalorizada e mercado imobiliário fora da realidade são apenas alguns dos motivos que elevam o valor de venda do prato, que fazem uma mera pizza alcançar quase 100 porcinas de preço final de venda ao comensal. claro que a afetação e a preferência pelo pé direito alto do salão não ajudam em nada.

mas as pessoas gostam assim! assim diz o canalha do tiozão restaurador, que bem sabe o que está fazendo.

esse tipo de atitude não caberá no novo mundo, será preciso pensar mais. inclusive a tendência dos últimos anos foi justamente a abertura de portas com operação mais dinâmica oferecendo bom produto por menos.

afinal, o que vale mais? uma bela garrafa de vinho ou o serviço do sommellier natureba? eu fico com a primeira opção e creio que você também.

o grande problema da maior parte dessas casas é que para cobrar um pouco menos, elas são bem apertadas e é possível que por um bom tempo ninguém vai querer ficar próximo do outro. com o mercado imobiliário quebrado, é preciso muita atenção tanto de quem quer abrir algo quanto de quem já está aberto e com todo seu dinheiro investido no negócio. as falências são inevitáveis e hoje é impossível ver a real dimensão desse problema. por enquanto, a única certeza é a de que a corda estoura do lado mais fraco; é aquela família do garçom desempregado que não tem a mínima condição de se isolar que pagará a maior fatia da conta, enquanto banqueiros e pastores seguem cada vez mais ricos. mas isso também não é novidade. porém dessa vez é provável que a revolta seja muito maior, o povo deve ir pras ruas por conta própria, sem manipulação política.

ruas de onde nunca deveria ter saído a gastronomia raiz. a minha aposta é por mais calçada e menos salões, com comida possível e bebida acessível.

sobrevivamos.

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