claro que quase todas plantas morreram. entre vida em vasos e minha incompetência a segunda falou mais alto. mas no momento trabalho com um amigo que manja mais que eu do assunto em suas eventuais ressurreições. tomara que dê certo, pois o frescor verde equilibra o bafo quente que faz diária ponte aérea do elevado joão goulart até a janela que ancora meu quarto de dormir.
mas há mais vidas pra cuidar e já tomei a primeira dose da vacina. a meta atual é de sobrevivência, mesmo que seja pra passar a mão na bunda de quem anda nos sacaneando.
publico sobre gastronomia etílica desde 2007 e me tornei conhecido mais por desmascarar profissionais ruins de diversos segmentos do ramo do que por dar dicas manêras. embora prefira apontar as poucas coisas legais que tem na minha cidade, já faz tempo que aceitei a derrota da falha da comunicação.
acontece que essa maldita pandemia que já abateu centenas de milhares vidas só aqui nesse país desgovernado por um genocida filho da puta anda me comovendo feito um pobre diabo.
de maneira que nem sempre atualizo esse espaço do jeito que gostaria. até porque mantenho outro balcão virtual, notas de quinta, esse sim atualizado toda santa segunda-feira. poderia deixar o link aqui mesmo nesse parágrafo, mas tenho quase certeza de que você já conhece o espaço.
além disso sigo à disposição no youtube, twitter e instagram. a @ é boteco do jb em quase tudo, meio que numa patética tentativa de unir os cinturões tudo, como se houvesse tanta gente interessada no meu conteúdo.
fato é que nessa altura do campeonato quem me acompanha bem sabe sobre minhas preferências pessoais e quem não valido no ramo.
tenho me dedicado mais a ajudar quem ta se fodendo pra tentar manter suas portas abertas que qualquer outra coisa e é nesse sentido que caminha o trampo.
até porque infelizmente não tenho dinheiro pra abrir minha porta de frango frito e ajudar a sobrevivência alheia é boa maneira de me manter vivo também.
então faça-me o favor de usar máscara, tomar vacina, manter distanciamento social e não morrer.
vamos fazer com que a vida volte a valer a pena.
até.
Cássio de o a says:
Sempre atento… Boa, JB, abraço.
29 de May de 2021 — 02:47
Pedro Rocha says:
Boa JB! Se cuida aí. E cuida das plantas também se der tempo!
30 de May de 2021 — 10:36
Ismael says:
Olá, meu nome é Ismael, estou qui para fazer um relato despretensioso.
Fui assessor de Carlos Bolsonaro, o Carluxo, por 1 ano. Foi um bom trabalho, rendeu bem, mas não quero entrar em detalhes para não comprometer-me politicamente. O meu relato é de viés pessoal.
Sempre cheguei cedo ao gabinete, antes de todos, antes até da faxineira. Carlos chegava lá pelas 10 horas, sempre cansado, parecia de ressaca, após mais uma noitada daquelas. Ele dizia, preciso viver e aproveitar a minha fama de bom vereador, correto, cívico e honesto. Não sei o que queria dizer, mas eu concordava ao servir-lhe o primeiro café do dia. Ele tomava um gole e falava: Ismael, o seu café é o melhor café do Rio! Eu agradecia, mesmo sabendo que o café era da máquina e com certeza ele também sabia disso. E foi assim por uns dois meses. Até que um dia ele chegou pra mim e disse: Ismael, venha aqui na minha sala e feche a porta. Fui e esperei qual seria sua ordem. Ele nada disse, apenas abaixou as calças e ficou de costas, nu da cintura pra baixo mas ainda de meias e sapatos. Eu tremi. Ele pediu pra eu dar uma olhada em sua nádega esquerda. O que? eu falei balbuciando… Só olhe aqui e veja se você acha isso normal, disse ele. Fui ver de perto, quase encostando a testa em sua bunda e sentindo um leve odor de fezes. Olhei e reparei que havia uma marca de dentes em sua carne. Uma mordida feroz que deixou uma ferida sangrenta que continha até um pouco de pus. Ele falou: Você acha que vai deixar cicatriz? Eu disse que era só ele cuidar passando merthiolate que tudo sumiria em cinco dias. Ele suspirou aliviado e subiu as calças. Você já pode sair, disse ele.
Depois disso, tudo continuou normal por uns nove meses, sem nenhum incidente, apenas uma piscadela marota de vez em quando, que eu via como carinho de chefe por seu empregado, nada a ver com ideias esquisitas.
Então, numa manhã, Carlos chegou com dois seguranças. Nunca fazia isso. Não falou nada e se trancou com eles em sua sala. Começou uma gritaria e uma barulheira de móveis se arrastando. Eu fiquei assustado e a faxineira olhou pra mim e apenas fez um sinal de silêncio com o dedo na boca. Logo em seguida começaram os gemidos, eram tão altos e tão constrangedores que eu senti dor de barriga instantaneamente. E um barulho de soco insistente e incessante, não sei o que era, mas parecia que alguém estava batendo violentamente contra algo macio, repetidas batidas secas que de vez em quando emitiam um leve estampido meio molhado. Muito estranho. Foi assim por uma hora mais ou menos, e tudo acabou com um urro fantasmagórico que me dá arrepios só de lembrar. Depois, silêncio. Carlos saiu de seu escritório todo suado e meio amarrotado, com as roupas bagunçadas em seu corpo. Ele passou a mão no cabelo e falou: Não conta nada pro meu pai, viu? Dando um risinho sarcástico. Saí pra almoçar e voltei só duas horas depois, aí tudo já estava normal e nem sinal dos seguranças.
Trabalhei por mais um mês e pedi demissão.
10 de August de 2021 — 18:15