ainda não pendurei os quadros, mas as plantas em geral até que vão bem. ontem, ao voltar ligeiramente ébrio de um balcão de bar onde bebi doze ótimo drinques, conferi a caixa de correio e me deparei com seis contas de luz vencidas, então imagino que devo morar aqui há uns sete meses. o porque do moço da eletropaulo não ter cortado a luz é um mistério, porém aproveitarei a sorte de ter grana pra dirimir a dívida e pagarei tudo amanhã, espero que a lotérica aceite as conta tudo.
onde bebi? embora haja pelo menos dois bares de cocktail que quero conhecer, fui num porto seguro e me dei muito bem. quem me acompanha em outras mídias bem sabe sobre qual balcão escrevo agora, trata-se de um dos bares mais subestimados e menos falados da cidade. talvez porque ali o foco esteja mais em atender direito a freguesia que em aparecer. e pro pessoal do network pouco importa o que está dentro do copo.
porque trabalhar com comida e bebida é o sagrado – e às vezes chato – ato da repetição, que passa a milhas e milhas de distância do glamour da televisão e das breguíssimas premiações recheadas de tapinhas nas costas. quer dizer, pelo menos pra quem é sério.
nessa semana mesmo morreu um dos melhores e mais generosos cozinheiros que já conheci e não saiu nota no jornal nacional.
bolinha atuava em santa tereza e deveria ser tombado como patrimônio imaterial de belo horizonte, cidade onde aliás se cozinha muito bem.
na calçada do outro lado da rua de seu botequim – na frente de um hospício – bolinha ofereceu uma das melhores refeições da minha vida. teve costelinha com jiló, língua com purê de batata e rabada. esse guloso que vos escreve jamais se esquecerá dessa tarde.
quer homenagear a memória do bolinha e o trampo do bartender kacio citado há cinco parágrafos?
simples, cozinhe ou faça drinques pensando no produto e na alegria que isso pode proporcionar às pessoas, não em afetações alheias ou em storytelling.
vou ficando por aqui pois essa perda me deixou triste pra caralho. nessa semana, além de pagar as contas, pretendo dar um jeito na porra dos quadros. espero não falhar de novo.
e lembre-se que pra cada poser existe um sujeito legal., que quase sempre está a margem do mainstream. prestigie-o enquanto é tempo.
Luan Gabriel says:
Parabéns pelos textos JB, sou um grande fã de sua transparência e forma de se expressar, continue sempre assim! A vida pode não ser boa (e realmente na maioria das vezes não é) mas com certeza, tendo uma boa bebida e boa comida a felicidade é instantânea! Abraço!
1 de March de 2021 — 14:40
mauricio shirakawa says:
Deparei-me com esse texto após 2 boulevardiers e 1 negroni caseiros da casa cuja imagem não foram nem vão parar no Instagram. quer dizer, faltou o twist de casca de laranja que esqueci de comprar, então nem sei se conta como drinks, como “mixologia”- odeio essa palavra. Quanto as contas de luz , antes da quatrocentena, já fiquei 3 meses sem pagar, a Eletropaulo (ou Anel , Enel , túneel , sei lá como chama essa semana a “Light”) simplesmente não tem funcionários suficientes pra sair cortando a luz dos calo… inadimplentes…. eles só ameaçam mesmo
8 de March de 2021 — 00:54