quarentena sem fim, é preciso voltar a cozinhar, o que me traz lembranças. nessa semana fiz arroz e feijão, seguindo receita da minha saudosa mãe. claro que o resultado final não chegou aos pés do que ela fazia, mas a ideia era que ficasse apenas bem gostoso, o que não é pouco, de maneira que considerei o objetivo atingido.
um tanto de dificuldade pra lidar com medidas mínimas pra cozinhar receitas que me remetem a mesas com família compartilhando a fartura que hoje é tão difícil de ser encontrada, mas até que deu tudo certo.
sou de uma família de feirantes e feijão carioquinha nunca teve vez em casa. aprendi a seleciona-lo ainda na infância, quando era encontrado a granel nas barracas vizinhas, conforme sua sazonalidade. os tempos são outros, mas sigo atento com a qualidade de tudo que adquiro para minha cozinha. se não estiver bonito, prefiro escolher outra coisa. por sorte, achei um bolinha aceitável no mercado. é necessário diminuir um pouco a rigidez nesses dias mais difíceis.
também nunca tive panela de pressão, então deixei o feijão de molho na água por três horas, pra ajudar no cozimento. menos de duas horas em fogo baixo e estava lindo. numa frigideira à parte o tempero com cebolinha, toucinho defumado e alho, junto com um pouco do feijão amassado com a ponta do garfo, pra engrossar o caldo. joguei o tempero na panela, esperei mais meia hora e pronto.
enquanto isso, fiz um arroz agulhinha branco temperado com cebola branca refogada no azeite e me animei pra preparar uma farofa de milho flocado com lingüiça, salsinha e ovos caipiras.
tudo ficou delicioso e acho que valeu o trampo, até porque deu pra comer por 3 vezes seguidas. não gosto de congelar comida e felizmente isso não foi necessário.
mas não é nada disso que eu queria falar. a volta enorme foi pra chegar na pergunta a seguir, que é o que realmente importa nessa postagem…
arroz por cima ou por baixo do feijão?
claro que você come do jeito que bem entender e não sou eu que vou cagar regra dentro da sua casa. mas posso contar como faço na minha e explicar o motivo.
se o feijão for posto por cima, seu caldo matará todo sabor do arroz que foi temperado com tanto carinho, além de detonar sua textura. se for pra fazer assim, pra que deixar o arroz soltinho? não vai fazer diferença. aliás, se mantida tal disposição, talvez seja melhor mudar o nome do prato pra feijão no arroz. o ensinamento doméstico foi aprendido no comecinho dos anos 80 do século passado.
com lembrança de boa comida de mãe não se brinca.
Rita says:
Hahaha. Corretíssimo. Sempre comi com o feijão por baixo. Além de tudo feijão por cima deixa o prato horroroso.
21 de April de 2020 — 13:39
Rafa says:
Boa explicação! E eu tive aulas e se chamava Técnicas domésticas no final dos anos 80.
21 de April de 2020 — 14:12
Zeno Bocardo Pereira says:
Eu gosto do feijão por baixo, uma camada de arroz e mais uma camada extra de feijão por cima de um cantinho do arroz. Daí eu tenho os dois!
Jota, qual a marca da salsicha usada na farofa?
21 de April de 2020 — 14:31
jb says:
presente de um amigo, que trabalha com charcutaria.
21 de April de 2020 — 14:33
Zeno Bocardo Pereira says:
Eu vi salsinha e li salsicha, efeito da cerveja…
21 de April de 2020 — 15:08
Poliana says:
Para mim fica um ao lado do outro. Eu bico um pouquinho do feijao, depois um pouquinho do arroz, aí misturo um pouquinho e como juntinho e vou saboreando sem ter que ficar “catando”.
21 de April de 2020 — 15:55
Ronaldo says:
Isso. Melhor coisa.
21 de April de 2020 — 21:17
David says:
Vc pode gostar do feihão por baixo. Gosto não se discute. Mas o certo, cientificamente comprovado, é o feijão por cima. Igual sotaque. O correto e padrão da lingua é o carioca. E ponto.
21 de April de 2020 — 19:37
jb says:
tentou fazer uma piada, fera?
21 de April de 2020 — 22:12
Filipe Mendonça says:
Como bom nordestino, misturo feijão com arroz e farinha até fazer o que chamamos de argamassa. Herança sagrada dos sertanejos que precisam de sustância na hora de comer para aguentar o esforço desumano do trabalho na lavoura.
22 de April de 2020 — 09:44
Guilherme says:
Se jogar um ovo frito por cima, fica perfeito.
22 de April de 2020 — 18:35
Paulo says:
Um ao lado do outro porém, e somente neste caso, eu construo um muro de farofa entre os dois, para ser desmanchado aos poucos para um lado ou outro, conforme a umidade ou secura que a minha boca assim desejar.
E se deixamos o arroz imaculado ainda podemos chamar a participação especial do ovo com gema mole seguindo o tutorial do chef das palavras Luis Fernando Veríssimo em “Ovo”.
A Marapoama manda lembranças!
Abs JB
22 de April de 2020 — 11:03