me comprometi a fazer 3 coisas durante a quarentena.
a primeira é atualizar esse blog assim que acordo, tarefa cada vez mais difícil, dada a falta de material, já que estou ainda mais parado. e, sobre a pandemia, há profissionais mais qualificados que eu para você se informar. inclusive indico a bárbara coluna de hoje do dráuzio varella, monstrão das letras e um humano maior.
a segunda é revisar o livro de receitas crônicas (em homenagem à nina horta) cuja data original de lançamento é agora pra junho. tava com meu dinheiro todo reservado pra dar bom rolê de divulgação pelo brasil, ainda maior que a publicação anterior, festejada em 7 cidades. infelizmente é quase certo o adiamento da coisa toda e a reserva poupada no momento tem sido um tanto útil para efeito de sobrevivência nesses tempos sem renda alguma. a ver.
já o terceiro compromisso é curioso. há cerca de um mês eu e um amigo descobrimos uma maneira de nos comunicarmos via aplicativo audiovisual que pode ser instalado no aparelho telefônico e também no microcomputador.
a razão da existência do recurso é que através dele é possível a realização de uma conversa entre várias pessoas. e o melhor, sem aproximação física, algo como um balcão de bar virtual. no segundo dia, já éramos 3 e hoje estamos em mais de 10 pessoas e alguns cachorros, sendo que a média presencial é de 7 humanos por noite.
o tijuca connection ocorre cerimoniosamente todas a noites, às 22h, sem nenhuma transmissão. no elenco pode pintar renomados jornalistas esportivos, boêmios cariocas, o dono de uma das livrarias mais charmosas do brasil, um talentoso ilustrador mineiro e aquele que considero como o único historiador brasileiro que consegue transmitir cultura acadêmica de maneira fluente, falando a linguagem das ruas. políticos também podem aparecer e é esperada pra essa semana a participação de um famoso menestrel brasiliense radicado naquele bairro em que o comedor de paçoca baiano é flagrado estacionando seu carro.
existe pelo menos uma coisa em comum na nossa fauna. todos concordamos que passamos por uma fase de anormalidade, sendo que isso posto nenhuma cobrança cotidiana tem legitimidade. acho que também é senso comum que o momento implora por quietude, já que é impossível prever exatamente o que será considerado como normal no mundo novo que está por vir. sem chão firme, sem planos.
a bebida alcoólica em quantidade abissal consumida predomina nos 5 blocos de 40 minutos no programa que segue diariamente no ar há quase um mês. há vinho, cerveja, whisky, cada um no seu quadrado. em 3 dias matei um garrafão de 1.800ml de shochu de batata doce, mas também bebo outras coisas, dependendo do estado de espírito.
que cada um ache sua válvula de escape nessa época tão difícil que felizmente passará. se puder, fica em casa.
Edu Goldenberg says:
E vamos em frente, Julinho! Tem ajudado demais a manter a sanidade em tempos tão difíceis!
26 de April de 2020 — 14:38
jb says:
esse é o termo que tentei lembrar, sem sucesso. manter a sanidade. seu comentário completou o texto, obrigado.
26 de April de 2020 — 14:40
Alexandre says:
Belíssimo texto Julio…bom pra caraleo !!!!
29 de April de 2020 — 14:15