a rua sem saída de uma das frentes do edifício coronga faz bem o papel de parque de diversões canino. existe toda uma rotina de horários e sabemos mais os nomes dos cachorros que dos próprios cuidadores.
bichos queridos que são imunes à peste que assola o planeta e também à estupidez de alguns humaninhos.
ontem encontrei lá farofa e seu disco voador, brinquedo que o bichinho gosta tanto de buscar e trazer de volta a quem o atirou, em troca de algum carinho. o conjunto zuêra + xamêgo representa quase tudo que o cão precisa.
mas dessa vez nem deu tempo de atirar o disco. ao me ver, ele já correu em minha direção, buscando um cafuné. normal, já que o mimo desde que ele era filhote. pra minha completa surpresa fomos interceptados pelo dono, homem de palidez vinho natureba, 30 e poucos anos e seu moderno óculos de armação alckmista.
– não faz carinho nele, não. é por causa desse negócio de corona vírus.
decretou o impropério sem levantar a voz, com indisfarçável tom de superioridade vegana quarentener de porte médio. embora a vontade fosse a de dar uma voadora no seu pescoço, respondi ao ignorante insulto com um sorriso, dei uma piscadinha pro farofa (é macho, ele) e segui o passeio com petisco, o pug hiperativo que é meu melhor amigo. que cada um cuide bem do seu e pronto.
essa pressão toda que a pandemia nos trouxe funciona como uma lente de aumento no ser humano. quem é legal torna-se mais consciente e o escroto coloca as manguinhas de fora. vivemos num país do terceiro mundo sem comando algum, a situação nos próximos dias deve se agravar e máscaras cairão, mostrando caras sem a menor vergonha.
a hora é de ter calma, ficar em casa e fazer o pôncio pilatos, lavando as mãos toda hora.
dias piores virão, mas depois melhora.
Luciana Aun says:
Seues textos tem se tornado um alento para esses dias de trevas….
22 de March de 2020 — 13:54
Tercio says:
fato! 🙂
22 de March de 2020 — 19:22
Marcio says:
De fato, vejo cada vez mais grosserias e falta de educação de pessoas que antes eram mais “polidas”. Complicado…
22 de March de 2020 — 17:03
Zeno Bocardo Pereira says:
Não sei como você ainda não fez texto sobre o nobre refresco de hibisco.
23 de March de 2020 — 00:49
Alberto Akira Kono says:
Se proteja, JotaBê!
23 de March de 2020 — 06:54
DAVID DE VASCONCELOS SILVA says:
se tu mantiver esse diário, já dá pra lançar o próximo fracasso comercial literário, quando a poeira baixar. os relatos de gente sensata, como vc, fazem a galera aqui do outro lado ter um pouco de serenidade. valeu!
23 de March de 2020 — 10:28
Rafa says:
Porra Júlio, que foda essa, emocionou.
24 de March de 2020 — 17:25
Gabriel says:
Olá querido. Pedi para vc não fazer carinho no Batata pensando no seu bem estar, além do meu, pois a transmissão desse vírus ocorre principalmente por pessoas assintomáticas e eu não tenho como saber se fui contaminado ou não. O cão, apesar de fofo, tbm transmite o vírus quando fazemos carinho nele, se uma pessoa contaminada tiver encostado em seu pelo, como acontece com qqr superfície de contato.
Enfim, não posso fazer nada se vc me acha muito pálido ou se pareço arrogante, mas posso fazer esse pequeno esclarecimento para que vc saiba que o Batata adora seus cafunés eu eu adoro que façam carinho nele. Quando acabar a epidemia fica o convite para retomar o carinho no cão. Abraços!
25 de March de 2020 — 22:21
jb says:
sim, sim. claro que existe possibilidade de contágio com qualquer superfície de contato. comi burritos antes de escrever e errei a mão. feio. tecnicamente o cavalheiro está coberto de razão. por favor, aceite minhas sinceras desculpas, se é que isso ainda vale algo. abraço e boa quarentena pra nós e os bichinhos.
25 de March de 2020 — 22:49