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Boteco do JB

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pula fogueira iá iá

não sei se ainda existe aquela igreja mais apostólica que romana na esquina da paulo franco com a brentano, vila hamburguesa, subdistrito lapeano. bem na frente do bar do pinho, onde trabalhou por anos o wadinho, bicheiro mais firmeza do pedaço, que era meu vizinho na lauro müller. eu morava na 192, ele na 196, sobradinhos lindos que foram horrorosamente reformados.

foi nessa igreja que teve a missa de sétimo dia do meu pai, realizada pra agradar alguns poucos amigos. embora eu já fosse ateu nos anos 90, nunca fui de confrontar religiões. se te traz conforto de alguma forma, pra mim já tá de bom tamanho.

curiosamente o prédio no qual ele morreu de tanto trabalhar também ficava na paulo franco, assim como o cemitério. se pudesse escolher, decerto gostaria de ter trabalho, missa e enterro tudo na mesma rua, sob seu aparente controle. não deixou de ser uma penúltima homenagem. a última foi meu primeiro livro, dias de feira.

mas estamos em junho e hoje me lembrei que nessa igreja rolavam as festas juninas do bairro, em que sempre dava jeito de faturar algum vendendo rifas pra molecada que, verdade seja dita, não ia muito com minha cara, não. bem, pelo menos garantia o faturamento da noite.

abanado, gastava parte da bufunfa nas banquinhas de quitutes doces e salgados típicos desse tipo de celebração. embora a tolerância pra comidas bosta fosse bem maior naqueles dias – agora estamos falando de uma pré-adolescência passada nos anos 80 – eu não gostava muito de nada, não. os doces insuportavelmente açucarados eram um capítulo à parte. que bosta. que bosta. eu era o garoto que bebericava do copo de campari do meu pai, pô! me dê um troço mais amarguinho, senhora! não, ninguém nem entendia o que queria e voltava pra casa sem gastar o dinheiro ganho na noite.

provinciano, achava que o problema tava no bairro, que a comida das festas juninas dos outros era mais gostosa, que só podia ser uma questão lapeana. quando virou a década eu já era di maior e tinha carro, o que permitiu que fizesse uma busca de boa festa junina pela cidade inteira. descobri que além de comida ruim, o álcool também era intragável. vinho quente mais doce que maçã do amor, quentão mais alcoólico que maria louca e assim seguia o jogo.

quando virou o milênio, já tinha desistido dessa busca inglória, derrota devidamente assimilada há bom tempo. e hoje vejo muita gente se manifestando nas mídias sociais, com saudades de algo que só pode ter valor afetivo.

minha dica? acho que se é disso que você gosta, é isso que se deve fazer. improvise a sua própria festa junina, compre vinho chapinha, 7 quilos de açúcar, cachaça bosta, amendoim murchiba, a porra toda. tire o chapéu de palha do armário, vista aquela camisa de flanela modelo eddie vedder 92 e divirta-se sem medo de cair no ridículo, ninguém não tem a ver com isso.

e eu que não vou zoar sua religião. ok, talvez só um tiquinho.

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