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Boteco do JB

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copo cheio

existem algumas maneiras de destruir seu próprio fígado. álcool bosta, pó, mistura dos dois, excesso. sim, porque pinga boa também te fode, se você beber tal como nicolas cage em despedida em las vegas. ontem tive a honra de dividir palco com fausto fawcett, mario bortolotto, xico sá e grande elenco, num projeto do amigo eduardo beu, denominado como trovadores do miocárdio. o tema da noite era órgãos humanos e um dos meus escolhidos foi o tal do fígado. abaixo transcrevo o texto escrito por mim em sua homenagem. no final dele entrava I never cry, som que alice cooper compôs em tributo ao seu próprio alcoolismo. claro que passei certa vergonha, devido aos nomes envolvidos, timidez, etc. mas até que foi bonito. autoestima é tudo.

a balada do fígado corneado

o maior problema da vida é que você identifica o seu auge só após o ocorrido. depois resta apenas a angústia e aquela velha pontada aguda no fígado.

na real nem isso, já que fígado não dói e aprendi desde cedo que não se deve chorar por bobagem. então resta o nada, enquanto o fígado acaba comigo de maneira implacável.

mas sabe que até colaboro? minha parte eu faço, sim. bebo de maneira descontrolada, como se amanhã não houvesse.

beber pra elevar o espírito? beber pra suportar os outros? balela! bebo porque o porre por um momento me faz esquecer aquele órgão imponente que me destrói enquanto me despreza.

mas sem chorar! nada mais amador que esse tipo de bebum. e odeio dar trabalho. gosto de imaginar que sou bebedor profissional, independente do que diabos isso signifique. além do mais, não daria esse gostinho pra ele. até porque, pra completar o relacionamento abusivo, daqui a pouco até o copo ele tira da minha mão.

a bebida me corneia sem o menor constrangimento, escolhe o que acha que é melhor pra ela…

mas, tudo bem. tudo bem… fica com ele, fica. eu me viro, a amiga derrota está sempre de plantão pra me consolar.

não é você que larga a bebida, é a bebida que larga de você.

já pode chorar agora?

não. acho melhor não.

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