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Boteco do JB

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hamlet contemporâneo

ontem fausto fawcett completou 63 anos e nenhuma homenagem foi feita a esse que considero como um dos melhores cronistas do planeta. quem já leu seus livros bem sabe que ele previu várias das merdas que tão rolando hoje.

é natural que bons artistas sejam mais conhecidos por obras menores e fausto se tornou escravo de katia flávia, aquela que funciona de maneira mais adequada na literatura, embora seja inegável seu apelo no palco. ano passado vi um excelente show dele no rio e tive que aguentar meia dúzia de tiozões do churrasco implorando por calcinha! calcinha! enquanto o artista se apresentava impecavelmente para poucos.

o rio é uma cidade de cidades camufladas

com governos misturados, camuflados, paralelos

sorrateiros ocultando comandos

escrita no milênio passado, a letra de rio 40 graus segue mais atual que nunca e quem já teve a honra de vê-lo interpretar a canção ao vivo bem sabe da sua força, com todo respeito à ótima fernandinha abreu.

ninguém sacou o caos carioca como fausto fawcett, pai de um estilo único, o cyberfunk. ouça suas músicas e, mais que isso, leia seus livros.

por conta do projeto trovadores do miocárdio, pude testemunhar por algumas vezes o seu lado de cronista romântico no palco. impecável, como sempre, sem concorrência no gênero.

assim como o gênio aldir blanc, fausto apresenta um rio de janeiro que vai muito além da inofensiva bossa nova teletubbie. copacabana sem patinhos, não é melhor ser alegre que ser triste.

o meu palpite é que o aniversariante da semana jamais terá o reconhecimento merecido, nem depois de morto. a cultura no brasil é cada vez menos importante – nem entrarei no mérito da ignorante portadora de péssimo caráter ocupante da secretaria nacional – e a perspectiva da conjuntura não é das mais otimistas.

mas, tudo bem. afinal…

um hamlet contemporâneo não segura a caveirinha não

viva fausto fawcett! os que vão morrer o saúdam!

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