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Boteco do JB

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a porta de entrada na gastronomia foi no meu primeiro negócio, com 13 anos. foi numa banca de feira em que vendia frangos e miúdos de boi que desenvolvi interesse por cortes de carne. muitos deles trazidos pra cozinha de casa junto com peixes, frutas e hortaliças dos colegas. também dei sorte da minha mãe ser uma cozinheira de mão cheia.

a partir daí foi natural a entrada no ramo de bares e restaurantes, no qual atuo de maneira discreta desde o fim do milênio passado. também fiz outras coisas, mas essas são outras histórias.

porta própria não tenho desde 2011, ano de falecimento da minha mãe. mas ainda estou na área, com algumas assessorias. e produzir conteúdo sobre comida e bebida em diversas mídias não deixa de ser trabalho também. tenho a doce ilusão de que um belo dia o youtube pagará mais que gasto e que também terei patrocínio que banque todo meu trampo. mas tenho plena consciência de que isso é mais uma utopia que outra coisa.

sobre assessorias, até antes da epidemia, recebia a média de um convite por semana. acontece que só aceito convites com os quais me identifique e a partir daí a série de recusas é inevitável.

trocou o termo assessoria por consultoria? já é meio caminho andado pra eu recusar. consultor é aquele que bate na tua porta antes do oficial de justiça.

contratou arquiteto antes do chefe de cozinha? não tenho a menor paciência pra quem subestima o negócio, ainda mais com esse tipo de afetação. a não ser que esteja disposto a mudar de ideia, claro. mas infelizmente o ego de algumas pessoas tem uma altura inatingível.

o mesmo vale pra bar. no ano passado ajudei a abrir um em que eu e a chefe não podíamos nem entrar na obra. claro que o lugar é um pesadelo logístico. felizmente hoje isso não é mais problema nosso. os sócios bocoiós que se virem.

mas, e agora, que o mundo mudou e nunca mais será o mesmo? como estamos nos virando?

por enquanto, dependendo do perfil do restaurante, há quem se vire com delivery. e torço de coração pra que cada porta que saiba fazer boa comida consiga sobreviver.

afinal, quem é que vai comer lustres e tijolos?

tudo isso pra dizer que muitos esqueceram do principal. além da arquitetura, se preocupam deveras em serem ecologicamente corretos, sem saber fritar um ovo. e não adianta fazer banca de salvador do mundo quando não se tem boa base. aí não é sustentabilidade, mas apenas puro e mero cinismo.

ninguém sabe como estaremos quando essa maldita pandemia passar, mas já passou da hora dos cozinheiros voltarem para o lugar de onde nunca deveriam ter saído.

à cozinha, camaradas!

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