sempre teremos poucos poucos e bons escritores, mas jamais existirá outro aldir blanc.
escrevo essas linhas enquanto ouço seu álbum vida noturna, rara pérola que nunca cansei de escutar. com todo respeito aos grandes intérpretes que passaram por sua riquíssima trajetória, nada como uma canção imposta com dor e sofrimento pelo próprio autor. e esse cd – lancem em vinil, plmdds! – é uma verdadeira aula daquela velha boêmia cada vez mais difícil de achar.
na verdade sua obra dispensa apresentação. músicas, artigos, crônicas, livros, a porra toda. se não conhecer, não se chateie, mas considere a possibilidade de aproveitar a quarentena pra se inteirar sobe o assunto. e, se já se acha íntimo da obra, que tal reler tudo de novo? clássicos desse nível sempre nos ensinam algo a cada revisita.
o que nem todos sabem é que aldir se resguarda em sua casa há muito tempo, saindo só quando extremamente necessário. naquele pedaço da tijuca é quarentena todo dia há quase duas décadas.
você nunca escreverá como aldir, mas a hora é a de ser tão reservado quanto ele. o mais próximo que se pode chegar dele hoje é ato cívico recomendado pela organização mundial de saúde. será que ele tava certo esse tempo todo?
não nos interessa julgar tal comportamento, mas hoje tal atitude é mais que bem vinda, é necessária. a ciência aponta que o isolamento social reduz drasticamente o números de óbitos provocado pela pandemia, apesar do jumento que ocupa temporariamente o palácio do planalto insinuar irresponsavelmente o contrário. esse deve ser deposto e julgado por crimes contra a humanidade.
e nós? o que devemos fazer? ora, bolas! sigamos a receita de doutor aldir. fiquemos em casa.
(curiosidade. o tempo de escrever esse texto foi o mesmo de apreciar vida noturna mais uma vez. que álbum! que álbum!)
Leonardo Noveti says:
julio, sou grande entusiasta do lançamento do vinil do vida noturna. simplesmente o cd não é a mídia adequada para esse disco – não preciso dizer que o spotify é menos ainda.
eu falei sobre isso com a talitha certa vez, no conceição. sugeri que a polysom lançasse. cheguei até a fazer um orçamento com eles – a versão mais completa, com uma tiragem de mil unidades, ficaria em uns trinta mil, mas é claro que não precisa ser essa.
não sei se, por outro lado, os direitos autorais estão disponíveis para o projeto. de qualquer forma, caso lhe interesse, poderíamos pensar a respeito juntos. abraços!
2 de April de 2020 — 12:45
jb says:
ah, que legal. não sabia isso. é uma boa grana, não sei como conseguiria levantar, sem as tais vaquinhas virtuais, pensemos juntos. de qualquer maneira precisamos esperar que passe essa maldita pandemia. enquanto isso, pedirei pra perguntar pro bardo se ele gosta dessa ideia. abração!
2 de April de 2020 — 13:01
Leonardo Noveti says:
sim, esse valor é quase impeditivo. acho até difícil de conseguir com as vaquinhas.
a solução seria fazer com uma tiragem menor, até para não ter problemas de vendas – sabemos que, infelizmente, o conteúdo do aldir pode ser atrativo para poucos. perdemos.
mas, excelente! espero que o aldir goste da ideia, sim.
se você me permitir, depois enviarei um e-mail para ti, para mantermos essa ideia viva – espero que todos nós e tudo mais sobrevivamos à essa desgraça. valeu, julio!
2 de April de 2020 — 13:57
jb says:
ah, me mande, sim, claro.
jbacavalo@gmail.com
obrigado de novo!
2 de April de 2020 — 14:10
Ezra L. says:
Ouçamos aldir blanc, guinga, paulinho da viola…
2 de April de 2020 — 13:26
Edu Goldenberg says:
Correção rápida. A quarentena blanquiana já dura 20 anos.
2 de April de 2020 — 13:26
jb says:
corrigido. obrigado, edu!
2 de April de 2020 — 13:57
Fábio Grigoletto says:
Arrematei a coleção Aldir 70 há uns 3 anos, quando ele celebrou as sete dezenas. Todos os livros, dedicatória e assinatura. Tiete confesso. Não canso de ouvir, não canso de ler, não canso de tocar. É uma coisa de louco, mesmo. Quanta verdade há na obra dele. E quanta fantasia há na obra dele. A gravação de “Me dá a penúltima” desse disco é impressionante. Colocar no mesmo barco, realidade e poesia…
2 de April de 2020 — 16:01
k says:
para quem tiver interesse nos textos do grande aldir, os livros impressos são uma pechincha na estante virtual e vários deles são encontráveis por aí em pdf, basta uma googlada com paciência.
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2 de April de 2020 — 18:37
Bernardo Souza Lima says:
“você nunca escreverá como Aldir”. Taí uma afirmação que se pode dizer sem medo de errar.
Que ironia o cronista das ruas ter se tornado um recluso. Eu ouço bastante o Aldir mas preciso conhecer também a prosa do mestre.
Por mim pode continuar escrevendo sobre Aldir e outras referências suas.
3 de April de 2020 — 00:46
Daniel L. says:
Porra, JB, não conheci a obra dele.
Comecei a escutar agora de manhã, já parei no meio. Quero reservar a primeira escuta para um momento de menos luz, no sol e na alma. Hoje à noite recomeço com um negroni, ou dois. Ou três.
3 de April de 2020 — 10:56
palomino says:
Quando for possível sair de casa, vamos todo mundo pra Brasília arrancar o jumento de lá a pontapé. Pescotapa, pra pôr ele pra descer rolando aquela rampa do Palácio do Planalto.
3 de April de 2020 — 18:52
João Matheus Jacob says:
Obrigado, JB. Conhecia Aldir “apenas” pelas parcerias com João Bosco, nunca tinha escutado Aldir Blanc puro. Tomei umas doses de whisky ouvindo o Vida Noturna. Sério, poucas coisas me deixaram tão emocionado de uns anos para cá. Já é um dos meus álbuns favoritos.
Mais uma vez, obrigado.
3 de April de 2020 — 22:36
Matheus Jacob says:
Obrigado, JB. Conhecia Aldir apenas pelas parcerias com João Bosco. Mas nunca tinha escutado Aldir Blanc puro. Sério, poucas coisas me deixaram tão emocionado de uns anos para cá. Já é um dos meu álbuns favoritos e já passei para um amigo.
Novamente, obrigado.
3 de April de 2020 — 22:47