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Boteco do JB

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a barista que encantava cachorros

hoje pode soar estranho falar que morei em pinheiros por cinco anos consecutivos, mas a verdade que a experiência não foi muito ruim.

assim como no centro, naquela área também tem boas cafeterias onde se pode levar cachorros e naquela época cuidava de dois pugs pretos, shoyu e negroni.

eu sempre fui sozinho e há muito tempo converso com bichinhos. embora tome certo cuidado pra não ser tomado como louco, é inevitável que às vezes me flagrem.

pois foi num fim de tarde, meu horário preferido pra beber café, que essa moça me flagrou no quintal de uma cafeteria próximo ao saudoso largo da batata – esse que nem existe mais, graças ao prefeito e engenheiro de merda paulo salim maluf – trocando ideia com os cachorros. não só apoiou a iniciativa, como emendou outro papo com os bichinhos. tal situação fez com que adquirisse enorme simpatia por ela. trocamos olhar de cumplicidade e nos despedimos.

algum tempo já tinha se passado quando soube que uma pequena cafeteria tinha inaugurado a 6 ou 7 quadras pra cima de onde morava. pois peguei os bichinhos e fui lá conferir a parada.

foi num minúsculo espaço de menos de 2 metros quadrados em que reencontrei a barista que fala com cachorros, esses que a reconheceram de imediato. além de encantar animais, ela também solta aquele espresso de alto nível tão difícil de achar na cidade.

sem espaço para a freguesia dentro da loja, as pessoas se acomodam no banco da frente ou até em pé na calçada, de boa e sem reclamar. civilização é isso aí.

me tornei freguês e até hoje me desloco ao bairro por simpatia e admiração por trabalho tão bem feito. isso até antes da quarentena, claro.

nessa semana falei sobre a provável mudança de características dos negócios restauradores, pra quando a quarentena passar. a minha aposta é a da volta da simplicidade. cada vez mais teremos portas para a rua, com baixo custo e bons produtos. vamos tomar ocupar as calçadas, é esse o caminho.

flavia pogliani se adiantou ao se reinventar antes de dar merda. nem foi por necessidade, já que ela poderia estar bem estabelecida em seu real segmento, cuja remuneração é mais generosa. foi por bom gosto e inteligência mesmo. e o momento de hoje beneficiará aqueles que souberem usar melhor a cuca.

acabou que ela se tornou minha chegada, inclusive gravamos juntos um vídeo que considero como um dos melhores do meu canal, embora tantos não tenham entendido a ironia. a loja já tava fechando e foi tudo no improviso, sem roteiro, nada. assim que reabrir, darei um jeito de levar petisco pra ela conhecer e trocar uma ideia. quem sabe até outra gravação?

admito que eu também considero a oportunidade de abrir uma janela para a rua com o propósito de vender as duas ou três coisas que acho que sei fazer razoavelmente.

mas primeiro é preciso sobreviver, esse é o foco de agora. como tenho o privilégio de poder ficar em casa, é isso que farei, com um copo de bom café na mão e torcendo pra que saiamos o quanto antes dessa.

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