a classe política brasileira nunca representou motivo de orgulho para a população.
moro no centro de uma cidade deveras prejudicada por um elevado que foi batizado à época de sua inauguração com o nome de um filho da puta que decretou o ai-5.
essa bosta de obra efetuada por um prefeito biônico que tinha a mais absoluta certeza de que chegaria à presidência da república detonou o centro nervoso que liga a zona oeste à zona leste, acabando também com toda vizinhança envolvida. ninguém quer mais morar na cidade desde sua infame inauguração, em 1971.
também mudou e encareceu a obra do metrô, que ficou meio torta, devido à implantação do jurássico viadutão.
e, por lembrar em metrô, ontem conversando com um amigo, ele bem lembrou que a linha ferroviária tá logo ao lado e seria menos agressivo se o mastodonte fosse construído por cima dela.
muito tempo se passou, o nome mudou – menos mal – e hoje existe o projeto de um parque em cima do cimento. saem os carros, entram as pessoas. embora a ideia tenha boa fé, sua aplicação seria de um trabalho tão grande que suspeito sobre nossa competência em realiza-lo. o pedaço por aqui está cada vez mais inseguro e um playground desse tamanho tem tudo pra ser apenas mais um lugar sem o menor traço de segurança. além do que é provável que tão cedo não queiramos ficar próximos um do outro.
posto tudo isso, digo que sou a favor da demolição dessa merda. e que destinemos os lindos prédios que já foram mais valorizados à população de rua que tá cada vez maior. e que sejam feitas oficinas gastronômicas para que o térreo dos edifícios ofereçam boa comida por preço acessível à comunidade mais necessitada.
a rua para quem é da rua. é essa a decência que espero do novo mundo que se aproxima.
vamos nessa, bruno covas? não seria um belo legado destruir o monstro criado pelo arqui-inimigo do seu saudoso avô e colocar algo decente em seu lugar?
Rodrigo says:
Totalmente de acordo, JB. Esse elevado é uma aberração e nada melhor que sua demolição e revitalização de todo o centro. Mas duvido que isso saia do papel. No entanto, a demolição do viadutão seria um bom ponto de partida.
14 de May de 2020 — 12:46
Álvaro Larrabure Costa Corrêa says:
Em Lima, numa situação parecida, foi feita uma avenida em estilo boulevard que ficou incrível.
14 de May de 2020 — 15:46
Ieda says:
Não, o trânsito ficaria mais caótico que já é.
14 de May de 2020 — 15:54
jb says:
trânsito é problema do milênio passado
certo mesmo é proibir a circulação de automóveis no centro.
14 de May de 2020 — 18:14
palomino says:
O nome “parque” não ajuda, faz parecer que vão ter que plantar árvores num elevado. Mas a real é que as pessoas meio que já o ocupam (faz tempo, aliás). Então, se o poder público não atrapalhar, e só potencializar o uso que já é feito do elevado, ele vira um equipamento público muito interessante, do tipo que está em falta na região.
Demolir custa dinheiro. E já custou muito dinheiro construir.
Quanto à segurança pública, é outro problema. Ela vai continuar difícil, com ou seu elevado, porque não é o elevado que causa a criminalidade na região.
14 de May de 2020 — 17:52
Felipe Cepriano says:
O problema é que mesmo transformando em uma área de lazer, a rua seguiria escurecida pelo mastodonte que o Minhocão é.
Os projetos melhores do ~parque~ consideram aberturas parciais justamente pra trazer mais luz ao térreo, mas também são os projetos que custam perto (ou o mesmo) que demolir o elevado.
Entendo o ponto de não querer gastar dinheiro derrubando algo que nem deveríamos ter gasto para construir, mas acho que é a melhor opção.
15 de May de 2020 — 17:44
Marcio says:
se houvesse ambição de boa-fé, como houve de má-fé para construir aquela cicatriz, seria aplicada para colocá-lo a baixo e projetar no lugar dela uma interligação entre o parque augusta, praça roosevelt, arouche, largo santa cecília, praça marechal deodoro e largo péricles. claro, com todos esses devidamente reurbanizados. transformar o elevado em parque suspenso é uma ideia mambembe que não resolve o déficit de arborização e áreas de lazer na cidade, além de só homenager os envolvidos na sua realização.
16 de May de 2020 — 16:37
Guilherme Gondim says:
Dizem que é por causa do trânsito que não sai a demolição, mas não é verdade (só muito em parte). Não sai a demolição porque ela seria caríssima para a prefeitura (só o custo de remoção do entulho já tira o entusiasmo de qualquer prefeito) e valorizaria de imediato milhares de imóveis na região, o que daria muito desgosto para as construtoras, que sempre lucraram muitíssimo vendendo por onze mil reais metro quadrado com preço de custo de milão. É por isso, apenas. Ninguém vai mexer com a vontade dos empreiteiros, nem o Kassab conseguiu (com seu projeto de intervenção na cracolândia – que não era bom, mas tava longe de ser pior do abandono que temos até hoje).
17 de May de 2020 — 14:43