uma das ideias aqui é a de atualizar esse blog diariamente, ainda bem que não anunciei a parada. risco médio de passar vergonha, já que não sei se serei capaz de produzir conteúdo com essa freqüência.
pra quem não sabe, tenho como companheira uma doença degenerativa de porte médio, esclerose múltipla.
embora esteja há algum tempo sem sofrer um surto mais grave, existe o convívio diário com a bichinha, que causa uma fadiga que só quem tem a mesma condição clínica entende.
além do cansaço danado tenho ficado nervoso com facilidade e tido certa dificuldade de concentração para, veja só, ler.
que porra de moral tem um cronista que não lê?
também to com bastante vontade de abrir um bar, mas talvez tenha que admitir que não tenho dinheiro e nem saúde pra isso. mais uma derrota.
então, o que fazer, enquanto a trégua não vem?
o cotidiano salva, camaradas. apesar desse ar impuro do centro paulistano que me faz tão mal.
assim que acabar esse texto beberei meu suco de laranja favorito da galáxia numa cafeteria onde o carro chefe não é lá essas coisas.
comigo, o inseparável cachorro, principal responsável para que eu não fique dias e noites sem sair do apartamento, ouvindo roger waters.
gosta do suco gelado? sem problemas. o português tem o cuidado de armazenar laranjas frescas na geladeira pra quem, como eu, prefere assim. o resultado é que bebo o suco no meu tempo, sem precisar me preocupar com gelo diluindo e tirando o sabor da bebida.
e meu tempo é cada vez mais o do aldeão. versão urbana, no caso. transformei as ruas do centro paulistano na minha aldeia e tenho cada vez menos vontade de sair daqui.
hoje talvez almoce um shawarma num amigo da são joão, ou na casa de shows na praça da sé onde ajudo a produzir umas paradas referentes a bebida e comida, área onde atuo há bom tempo.
ache a sua aldeia também.
porque viver não deve ser tão complicado.
Marco Antonio Cação says:
Me identifiquei bastante com o texto. Também tenho Esclerose Múltipla e sou muito fã do Roger Waters.
Já o suco de laranja, também gosto, mas não é uma paixão tão grande..rs
16 de January de 2020 — 09:27
Lucas says:
diante da sua acertada decisão estilística de não nomear os estabelecimentos, será divertido tentar deduzi-los.
claro que syria e casa de francisca são óbvios, mas café fazenda (creio) não é todo mundo que conseguirá cravar.
muito bom voltar a lê-lo.
abraço!
16 de January de 2020 — 09:40
jb says:
errou o café.
16 de January de 2020 — 10:03
Matheus says:
Punhado?
Te vi lá pedindo o café mais ácido. Provei dos três e achei bem bom, principalmente, o frutado e o amargo (cai muito bem com cigarros de filtro e palha). Comi o pão na chapa, achei bem bom tb.
16 de January de 2020 — 10:38
jb says:
errou também.
16 de January de 2020 — 10:42
Fernanda says:
Floresta!
16 de January de 2020 — 11:26
Fernanda says:
Floresta!
16 de January de 2020 — 11:17
Fernanda says:
Desculpe, postei duas vezes e nao sei o porque. Espero, ao menos, nao ter falado bobagem.
16 de January de 2020 — 11:27
jb says:
acertou.
16 de January de 2020 — 12:43
Lucas says:
o pior é que eu pensei no floresta, dono portuga, e escrevi fazenda! hahaha
16 de January de 2020 — 15:41
Marina says:
ache sua aldeia, que bonito! beijos, Jota!
16 de January de 2020 — 09:58
Rodrigo says:
É condição do estrangeiro encontrar uma aldeia.
16 de January de 2020 — 10:03
McLawd says:
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
16 de January de 2020 — 10:08
Diego Arrabal says:
Belo texto JB. Identificar sua própria aldeia, esse é o caminho.
16 de January de 2020 — 10:57
Andre says:
nao te incomoda o floresta ter uma pintura do tamanho do planeta terra que vangloria a escravidão?
eu desprezo esse lugar por isso e nem se o café fosse bom eu iria (o que não é o caso).
agora, dar dinheiro pra quem aplaude negros sendo chicoteados por causa de laranja gelada? eu tô fora.
16 de January de 2020 — 19:03
jb says:
sim, incomoda.
16 de January de 2020 — 19:44
cee says:
Conheceo protocolo Coimbra para esclerose multipla?
19 de January de 2020 — 12:01
jb says:
sim,
uma das maiores picaretagens da história da medicina.
19 de January de 2020 — 12:11
Bruno says:
JB, somos vizinhos.
Bem vizinhos na realidade, porque moro no prédio ao lado do seu. Por que sei? Porque já te vi entrando e saindo da portaria algumas vezes.
Bom saber que vê no centro a sua aldeia e que também não se vê fora dali. Espero que o nosso bairro continue te apresentando um certo conforto.
Um abraço de um leitor assíduo e que segue muitas das suas dicas. Um abraço!
24 de January de 2020 — 22:10