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Boteco do JB

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reconhece a queda

na real dormir com classe na mesa de bar não é pra qualquer um. pois dividamos os dorminhocos em 3 categorias.

o primeiro é o amador, aquele bebe além de sua capacidade física, vomita no banheiro do bar todo em qualquer coisa que não se chame vaso, arruma briga, acusa a conta de estar errada e ainda tem a imensa cara de pau de pedir saideira. no meio de tudo isso, dá uma dormidinha, que tecnicamente pode ser chamada de breve desmaio.

o segundo é o profissional, classe a qual tenho autoestima suficiente pra falar que pertenço. sento no bar, bebo, como, durmo e volto a beber, sem dar trabalho pra ninguém. claro que pra chegar nesse nível passei pelas divisões inferiores, especialmente quando bem mais jovem. verdade seja dita, de vez em nunca ainda dou um trabalhinho pros amigos, mas essa ocorrência tornou-se rara. de qualquer forma, é preciso estar atento pra se manter na primeira divisão. o jogo só termina quando acaba.

a terceira categoria é sublime e pertence ao exército de um homem só, paulo vanzolini.

o conheci já no fim de sua vida no bar do alemão, velho reduto boêmio pertencente a outro craque, eduardo gudin.

no bar do alemão tinha roda de samba de respeito toda santa noite. era só chegar, pegar uma mesa no canto ou no mezanino e contemplar a boa música, enquanto se comia um canapé blumenau e se bebericava um copo de campari.

na roda, com sorte, aparecia o homem. seu lugar estava sempre reservado na simpática mesa redonda com bons músicos. natural que o alto nível do repertório subisse ainda mais.

mas o samba nem sempre é cantado. paulo vanzolini tirava sonecas incríveis durante a roda, sem perder a elegância. pra pouco tempo depois despertar e retomar a música, sem perder o tom. porque um homem de moral nunca fica no chão.

jamais haverá outro homem como paulo vanzolini.

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