as primeiras lembranças de pão com mortadela que tenho vem das pós-peladas no parque da lapa ainda na infância, quando eu e meus comparsas comíamos no armazém de secos e molhados vários sanduíches regados a muita tubaína. zero romantismo, simplesmente era o que dava pra pagar
até hoje me amarro no sanduba, embora a experiência no ramo no qual atuo fez que com que refinasse um pouco os ingredientes, mas sem descaracterizar a parada
bom pão, 100g da melhor mortadela que encontrar – nem sempre encontro ou posso comprar a que quero – e tá montado o lanche da tarde ou a ceia da noite
talvez tudo já tenha sido dito sobre a versão servida no bar do mané e nos boxes vizinhos dessa praça de alimentação de péssimo gosto que dominou boa parte do bonito mercado municipal da cantareira, chamado por tantos como mercadão
meu primeiro texto mesmo sobre a anomalia data de 2007 ou 2008, sou péssimo sentinela de meus próprios textos. mas fato é que não é de hoje que aquilo se tornou algo imordível destruidor mandibular
os mais velhos se lembrarão que o referido era um pouco menos tosco e que chegou a ser consumido pela classe trabalhadora que abastece o próprio mercado quando o valor cobrado não era proibitivo
mas o paulistano médio fode tudo e adora gourmetizar comida cotidiana pra celebrar algo que só existe em sua cabeça
deixei de chamar o sanduíche de macumba pra turista por respeito aos macumbeiros e pena dos turistas
mas pedirei um troço pra você que tá me lendo agora
que tal parar de glamourizar coisas tão simples?