a real é que os últimos trabalhos não deram certo como imaginava e minha doença degenerativa pega mais pesado nesses dias mais secos, ainda mais com a poluição demoníaca que assola o centro paulistano onde vivo.
viver de conteúdo? muito difícil, venho tentando há mais de dez anos sem sucesso, lembrando o título de um álbum do joelho de porco, das bandas favoritas desde sempre.
aliás, faz tempo que não bato um joelho de porco com gohan naquele esplendoroso botequim comandado por aquele que veio de okinawa pra nos alimentar com rangão bom da porra. acho que vou lá à noite, são essas coisas que ainda valem a pena.
o frango à passarinho de lá pra mim é um mistério, posso passar a vida inteira tentando que não conseguirei fazer algo tão gostoso. pra beber, shochu.
esse é um dos poucos lugares onde prefiro a mesa ao balcão. se tiver a sorte de conseguir sentar no canto e ficar em silêncio isso lhe proporcionará uma contemplação difícil de achar por aí.
pra pagar a conta, só no dinheiro. lugares antigos pedem hábitos antigos. mas eu não me incomodo, também não estou assim exatamente na moda. ainda bem, já que essa nunca foi a ideia.
hoje um estudante solicitou pra mim uma entrevista via direct do instagram, dizendo que pode ser por aqui mesmo. quando foi que perderam por total o senso de boas maneiras? o pior que aceitei, mas dei meu email e ele nem se tocou da gafe. aliás, na própria mídia que ele me procurou tem o endereço eletrônico, mas talvez procurar custasse muito tempo. além do que, via direct é rapidão, né? pá e bola, como diria elia júnior, reporter esportivo famoso no milênio passado.
meu amigo e grande escritor luiz antônio simas diz que morte é esquecimento e acho que caminho pra isso. novidades me interessam cada vez menos e faz tempo que considero me mudar pra uma cabana no sul de minas, possibilidade que nunca levei tão a sério. o ar de lá faria um bem danado pra esse portador de esclerose múltipla que vos escreve. acho que só não o fiz ainda porque como sempre falta dinheiro e estrutura para o deslocamento. viver é uma eterna derrota. perder até morrer.
seria esse blog um diário de despedida?